segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Voltando no tempo ou dançando para não dançar


De uns tempos pra cá tenho sentido um desejo muito estranho... um desejo de dançar. Não de dançar numa balada, ou numa pista de dança de salão, ou ainda numa micareta. Não! Eu desejo... dançar... balé clássico! Loucura, loucura, loucura, como diria o Luciano Huck.

Passei dos 5 aos 16 anos dançando balé clássico. Só balé clássico não, clássico, jazz, moderno, dança espanhola, dança russa, etc, etc, etc... A coisa era a nível profissional mesmo, na Escola de Danças do Teatro Municipal, que hoje se chama Escola de Danças Maria Olenewa.

Pois é, passei a infância e a adolescência dançando... e odiando isso! Eu odiava as aulas, as colegas, as professoras (que me perdoem todos), mas eu odiava cada minuto que passava naquele lugar. Mas não conseguia sair daquilo, porque minha mãe (anos de terapia pra poder falar isso), resolveu se realizar em mim, nem preciso dizer que seu sonho era ser bailarina, meu nome é Gisele por causa do balé. Enfim! Eu seguia odiando tudo aquilo. Fingia dores, inventava machucados, aulas extras na escola, tudo que me permitisse faltar um dia que fosse. Era uma benção!

Todavia, o mais incrível é que eu gostava de dançar, gostava de sentir o som da música que fazia meu corpo ir se movimentando lentamente... acompanhando o ritmo... gostava de dançar sozinha, na frente do espelho. Mas aquele mundo de obrigações, aulas, provas, disciplina, me tirava o prazer de dançar e, quando finalmente passei a ter o domínio sobre meus próprios pés ( ou seja, passei a ir sozinha para as aulas de balé), resolvi que não iria mais. Fui devagarzinho, ia faltando de vez em quando, uma vez por semana, duas, como se tentasse sair despercebida. Até que minha mãe percebeu, e compreendeu (ou, o que é mais provável, desistiu) que eu não cabia naquele sonho que não era meu.

E agora, anos luz depois, eu começo a sentir essa coisa estranha... essa vontade esquisita... de dançar balé! Como assim, e agora? Será que existem aulas para adultos. Enferrujados e sedentários? Será que será que será....

Pois existem, e eu começo hoje! De collant, saiote e sapatilhas!

E muito feliz!